Procedimento pode eliminar a necessidade de implante de marcapasso em portadores de arritmias cardíacas
Um homem de 40 anos, com síncopes recorrentes, foi a primeira pessoa da região Sul do país
submetido a uma cardioneuroablação, procedimento que se define como uma ablação
(cauterização feita através de cateteres ultrafinos) de gânglios parassimpáticos localizados em
regiões específicas dos átrios do coração, visando aumentar a frequência cardíaca. Diferente da
ablação convencional, que normalmente tem como objetivo “queimar” circuitos específicos dentro
do coração que causam taquicardia, a cardioneuroablação não trata especificamente taquicardias,
e sim, modula (gera uma nova programação), evitando bradicardia (quando o coração faz pausas
ou bate mais devagar) em pacientes com sintomas de desmaios frequentes, podendo evitar,
naquele momento, o implante do marcapasso. É importante destacar, entretanto, que, mesmo
diante desse procedimento, há muitos casos em que o marcapasso é indicado e se faz
absolutamente necessário.
Resposta imediata e coração com nova “programação”
A técnica utilizada foi uma ablação muito semelhante a outra comumente empregada para o
tratamento das arritmias, o mapeamento eletroanatômico 3D. “Mas, neste procedimento,
abordamos especificamente esses gânglios no coração – nas ablações habituais normalmente o
foco é nos átrios ou ventrículos. Esses gânglios foram acessados por mapeamento em 3D e
realizamos uma serie de cauterizações ao redor deles, afim de obtermos o resultado esperado, que
é o aumento da frequência cardíaca. A resposta é imediata durante o procedimento”, explica Kalil.
Onde a frequência cardíaca basal básica é de 50 batimentos por minuto, espera-se uma resposta
de no mínimo 30% de aumento durante o procedimento: “Com isso, o coração fica nesta nova
“programação”, ou seja, mais resistente a eventuais quedas da frequência cardíaca”.
O paciente que foi submetido à primeira cardioneuroablação do Sul do país no final do mês de
julho, passa bem e teve alta após dois dias de internação hospitalar.
Fonte: Setor Saúde